A ideia de criar um blog sobre gestação, maternagem, educação infantil e todo esse universo que tanto me atrai, ronda a minha cabeça há algum tempo.
O impulso materno surgiu em mim há pelo menos dois anos, quando num estalo inexplicável, uma mãezinha, bem pequenininha, nasceu dentro de mim e foi crescendo até me tomar inteira. Desde então comecei a ler sobre parto humanizado, maternagem, criação com vínculo, pedagogias alternativas e coisa e tal. Esse tipo de literatura passou a ser meu alimento.
Mergulhei fundo em pesquisas cientificas sobre todo tipo de assunto ligado ao funcionamento do corpo feminino durante a gestação, me engajei na campanha pró-parto natural, assisti trocentos vídeos de partos, li sobre a pedagogia Waldorf, sobre a deliciosamente mágica Escola da Ponte, sobre como desenvolver o ensino domiciliar.
Então... preparei todas as malas que pude para ter a bagagem que julguei imprescindível na viagem de se transformar em mãe. Só me esqueci de que para embarcar eu precisava de autorização do Superior.
E assim é que justifico porque cá estou, com todo o tal do empoderamento que conquistei nos assuntos ligados a maternagem, toda essa bagagem, parada na estação das tentativas em série. Ciclo após ciclo esperando ver "duas listrinhas no palitinho xixizado", o tão idolatrado positivo.
Agora são 15 meses da decisão tomada e 8 ciclos efetivamente frustrados na tentativa de conceber. Oficialmente tentante, com direito a toda a ansiedade, neura e inconstâncias que essa condição me garante.
Após um ano estudando por conta própria, através de blogs, sites, livros, amigos(as) profissionais de saúde, em maio deste ano decidi mergulhar ainda mais fundo nesse universo paralelo. Entrei em alguns grupos que abordam esse assunto no Facebook, baixei aplicativos no celular, comprei testes de ovulação e de gravidez, comecei a ser ainda mais observadora do meu corpo e seus sinais e me transformei na surtada da fertilidade!
Não que eu tenha realmente conseguido manter em segredo o meu interesse em ser mãe e todas as minhas tentativas frustradas neste período. Estabanada que sou, acabei abrindo o assunto pra mais gente do que deveria. Contei pra amigas, conhecidas, colegas... contei pra minha mãe, que contou pro meu pai e pra minha tia e que contaram pra sabe lá mais quantas pessoas. Mas o fato é que nestes três meses que se passaram eu amarguei o arrependimento de ter exposto essa dor. Não por ter sido magoada pelas pessoas, mas por ter transformado o sofrimento em um ciclo vicioso horroroso, do qual estou agora lutando pra sair, um ciclo que começa com a frustração de não conseguir o que desejo e deságua na tristeza de ser objeto de compaixão das pessoas que conhecem minha dor. Uma dor que aumenta ainda mais a cada "Espera que Deus sabe a hora certa" que fui obrigada a ouvir sem conseguir compreender e muito menos aceitar.
Depois dos grupos no Facebook aprendi ainda mais coisas para conquistar minha autonomia nessa corrida pelo bebê, descobri que existem muitas, mas muitas mesmo, mulheres em condições muito semelhantes a minha, mas também não encontrei a acolhida que gostaria. Se em alguns grupos as potenciais mães abusam do estilo divã e fazem do grupo um verdadeiro T.A. (Tentantes Anônimas), sem foco definido quanto ao tipo de abordagem a qual o grupo se pretende e com nível mínimo de informação de relevância em outros grupos encontrei verdadeiras ditadoras, que fazem de seus grupos quartéis, cheios de regras e postagens feitas pra mostrar quem manda no pedaço.
Por isso resolvi voltar a boa e velha blogosfera. Lugar onde já vivi por muito tempo, escancarando os meus pensamentos mais notívagos, e onde sei que posso falar e ser ouvida por quem queira me emprestar um pouco de atenção. Onde sei que posso prosseguir as trocas de experiências, sem medo de ser banida ou escanteada.Aqui sei que posso transitar com minha identidade resguardada, dividir um pouco das minhas desventuras nesta missão e partilhar do que já aprendi até aqui.
Então, assim inicio este diário de bordo, sobre as aventuras de ser Potencialmente Mãe.
Os que quiserem prosear comigo, se acheguem!
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