segunda-feira, 9 de março de 2015

Ajuda psicológica

Já postei aqui sobre como a ansiedade pode dificultar ainda mais a nossa nada mole vida na corrida pelo bebê. Também já cheguei a conclusão de que a ansiedade pode mesmo se transformar em causa de uma infertilidade temporária, por toda a questão química que se desdobra a partir da produção dos hormônios do estresse, mas tenho certeza de que majoritariamente ansiedade e estresse são consequências da peleja de quem tenta mensalmente vislumbrar a segunda linha no teste de farmácia, números no beta HCG ou um pontinho de vida na tela do aparelho de ultrassom.

Inúmeras pesquisas dão conta de demonstrar o quão impactantes são os problemas de infertilidade na vida dos casais, e mais ainda na vida das mulheres. Culturalmente estamos fadadas a nos sentir responsáveis por algo estar dando errado nesse caminho. Mesmo que o problema esteja no homem, na maior parte das vezes, nós mulheres preferimos assumir a culpa do fracasso e o resultado disso muitas vezes desemboca em quadros de depressão e transtornos dos mais variados. Muitos relacionamentos vão pro brejo por que em algum momento um dos lados não suporta a pressão e prefere abandonar o barco.

Essas situações são comuns, são reais e devem ser levadas em consideração. Muitas mulheres que não conseguem engravidar apresentam comportamento semelhante ao de um paciente em estado terminal de vida. Sim, não é exagero! Mulheres que passam anos lidando com a frustração de não conseguir conceber podem ser tão depressivas quanto pessoas que são diagnosticadas com câncer por exemplo. Isso é dado científico!

Por isso quis compartilhar com vocês este meu achado, um site chamado Psicofértil.
A abordagem dessa iniciativa é uma maravilha! Pena que esse projeto aí fica nas terras do além tejo, lá em Portugal!
Acho que projetos assim, de amparo a casais que estão enfrentando problemas de fertilidade é uma brecha cá em nossas terras tupiniquins. (#ficaadica para o pessoal da área de psicologia!)

E às tentantes que estão lidando com as mazelas dessa luta, desejo força e coragem. E um conselho: se a tristeza está durando tempo demais, procure ajuda médica. Um terapeuta, um psicólogo, um psiquiatra, pode ser um grande aliado nesse processo.



domingo, 8 de março de 2015

Tristeza Permitida

Embora a fossa dos primeiros dias do ciclo tenha passado, quis registrar esse texto da Martha Medeiros que acho bastante apropriado pra esses dias difíceis que toda tentante (pelo menos aquelas com mais de 6 meses de tentantivas) passa.

A tristeza permitida



Se eu disser pra você que hoje acordei triste, que foi difícil sair da cama, mesmo sabendo que o sol estava se exibindo lá fora e o céu convidava para a farra de viver, mesmo sabendo que havia muitas providências a tomar, acordei triste e tive preguiça de cumprir os rituais que faço sem nem prestar atenção no que estou sentindo, como tomar banho, colocar uma roupa, ir pro computador, sair pra compras e reuniões – se eu disser que foi assim, o que você me diz? Se eu lhe disser que hoje não foi um dia como os outros, que não encontrei energia nem pra sentir culpa pela minha letargia, que hoje levantei devagar e tarde e que não tive vontade de nada, você vai reagir como?

Você vai dizer “te anima” e me recomendar um antidepressivo, ou vai dizer que tem gente vivendo coisas muito mais graves do que eu (mesmo desconhecendo a razão da minha tristeza), vai dizer pra eu colocar uma roupa leve, ouvir uma música revigorante e voltar a ser aquela que sempre fui, velha de guerra.

Você vai fazer isso porque gosta de mim, mas também porque é mais um que não tolera a tristeza: nem a minha, nem a sua, nem a de ninguém. Tristeza é considerada uma anomalia do humor, uma doença contagiosa, que é melhor eliminar desde o primeiro sintoma. Não sorriu hoje? Medicamento. Sentiu uma vontade de chorar à toa? Gravíssimo, telefone já para o seu psiquiatra.

A verdade é que eu não acordei triste hoje, nem mesmo com uma suave melancolia, está tudo normal. Mas quando fico triste, também está tudo normal. Porque ficar triste é comum, é um sentimento tão legítimo quanto a alegria, é um registro de nossa sensibilidade, que ora gargalha em grupo, ora busca o silêncio e a solidão. Estar triste não é estar deprimido.

Depressão é coisa muito séria, contínua e complexa. Estar triste é estar atento a si próprio, é estar desapontado com alguém, com vários ou consigo mesmo, é estar um pouco cansado de certas repetições, é descobrir-se frágil num dia qualquer, sem uma razão aparente – as razões têm essa mania de serem discretas.

“Eu não sei o que meu corpo abriga/ nestas noites quentes de verão/ e não me importa que mil raios partam/ qualquer sentido vago da razão/ eu ando tão down…” Lembra da música? Cazuza ainda dizia, lá no meio dos versos, que pega mal sofrer. Pois é, pega mal. Melhor sair pra balada, melhor forçar um sorriso, melhor dizer que está tudo bem, melhor desamarrar a cara. “Não quero te ver triste assim”, sussurrava Roberto Carlos em meio a outra música. Todos cantam a tristeza, mas poucos a enfrentam de fato. Os esforços não são para compreendê-la, e sim para disfarçá-la, sufocá-la, ela que, humilde, só quer usufruir do seu direito de existir, de assegurar seu espaço nesta sociedade que exalta apenas o oba-oba e a verborragia, e que desconfia de quem está calado demais. Claro que é melhor ser alegre que ser triste (agora é Vinícius), mas melhor mesmo é ninguém privar você de sentir o que for. Em tempo: na maioria das vezes, é a gente mesmo que não se permite estar alguns degraus abaixo da euforia.

Tem dias que não estamos pra samba, pra rock, pra hip-hop, e nem pra isso devemos buscar pílulas mágicas para camuflar nossa introspecção, nem aceitar convites para festas em que nada temos para brindar. Que nos deixem quietos, que quietude é armazenamento de força e sabedoria, daqui a pouco a gente volta, a gente sempre volta, anunciando o fim de mais uma dor – até que venha a próxima, normais que somos.

Martha Medeiros




quinta-feira, 5 de março de 2015

Quase dois anos ou 15º ciclo

Alô, alô você que me lê... Cá estou no 5 DC deste 15º ciclo de tentativas. No total este é o 23º mês desde que nós aqui decidimos engravidar. 
Dentre estes 23 meses, alguns ciclos não entraram na conta porque eu estava fazendo algum tipo de tratamento contraceptivo ou porque vivemos crises no casamento. Então contabilizo 14 ciclos frustrados. 
O balanço geral dessa história é bem diferente do que eu poderia imaginar quando ingressei nessa empreitada. A princípio eu tinha um instinto me dizendo que eu teria problemas de fertilidade mas junto com esse instinto também tinha um achismo bobo que me dizia que era só o marido colocar os peixinhos dele pra dentro do meu útero e voi là, seriamos pais! Hoje, depois de quase dois anos, eu me sinto cansada e triste ao me dar conta de que não tenho controle de absolutamente nada neste aspecto da minha vida. Porque, se antes a coisa que eu tinha certeza na vida é de que eu seria mãe antes dos 30, hoje só me resta a conformação com o fato de que a maternidade virá mesmo quando eu já for uma senhora balzaquiana, e olhe lá. 
Durante todo o 14º ciclo, do mês de fevereiro, eu fiquei completamente arrebatada por um sentimento de serenidade. A positividade me preencheu e eu me senti gestando o meu grãozinho de amor. Me senti mãe e acreditei que mesmo que não estivesse ocorrendo algo fisiológico naquele momento, mesmo que não tivesse nada fecundo dentro do meu útero, meu coração estava verdadeiramente pronto para a maternidade. Senti como se dali em diante seria  meramente questão de tempo para que o meu corpo começasse a dar sinais de que uma nova vida estava chegando. 
Mas aí fevereiro acabou e março chegou trazendo um novo ciclo e levando aquela sensação boa de serenidade que senti durante todo o 14º ciclo. O 15º ciclo iniciou exatamente no 1º dia de março...

E os dois ou três primeiros dias deste ciclo foram chorosos e doloridos. A frustração me manteve presa na cama por mais horas do que eu gostaria, e mais uma vez o desânimo e o desespero me machucaram, me fizeram ser ríspida e impiedosa com meu marido, rebelde e descrente em Deus.

Mas nada como um dia após o outro... Do terceiro dia em diante a gente levanta a cabeça, sacode a poeira. e dá um jeito de encontrar forças pra recomeçar. Voltei a medir a TB, encomendei testes de ovulação, comprei chás e consegui uns preparados naturais pra tomar durante este ciclo. Tentei marcar consultas com o médico especialista em fertilidade. Decidi que vou partir para o atendimento particular - porque meu plano atual não está cooperando mesmo - e marido vai fazer o tal do espermograma de luxo (aquele que custa 200 dilmas) na próxima segunda! We are on the game!

E assim vamos seguindo!

Amanhã tem mais um post da série Medicina Natural.