terça-feira, 29 de julho de 2014

Diagnósticos possíveis # 3 - Cisto Parovariano

Pouco antes de casar, nos "ralirrola" da vida, marido descobriu um nódulo no meu seio direito, bem na auréola. 
Eu era, e devo admitir que ainda sou, muito displicente com a prática do auto-exame da mama, e quando marido descobriu esse nódulo foi um susto muito grande pra mim. Fiquei muito apavorada com a ideia de ter um tumor, ou pior, um câncer. Mas, diante da aproximação da data do casório, eu decidi colocar aquele assunto num baú e de alguma forma eu realmente consegui esquecer aquilo até a gente casar e iniciar a vida a dois.
Com cinco meses de casados fizemos uma mudança radical! Mudamos de cidade, de estado e de estilo de vida! Fomos morar no interior de um estado que nós sequer havíamos panejado conhecer algum dia. E dai, mais uma vez, nos "ralirrola" da vida, marido notou que o nódulo estava crescendo e começou a ficar preocupado. Aí eu decidi procurar uma nova médica na nova cidade e investigar o tal do caroço.
Pedi pra um amigo ginecologista que morava na mesma cidade que nós indicação de uma colega dele (porque eu jamaaaais teria coragem de ir me consultar com ele), pra fazer uma US mamária e aproveitar pra fazer o preventivo que já tava vencendo. Ele indicou uma médica jovem que eu achei bem bacaninha. Fiz os exames e ela me tranquilizou, disse que o nódulo tinha característica de benigno e que não iria alterar em nada a minha vida. Deixou nas minhas mãos a escolha sobre fazer ou não a cirurgia pra retirá-lo. Eu, medrosa que sou, escolhi não fazer.
O tempo foi passando e chegamos em 2012. Aí eu já tinha me mudado de novo (Sim, somos ciganos! rs) e eu já podia sentir num toque superficial o nódulo no seio, do tamanho de uma uva. Já não dava mais pra ficar tranquila, mesmo que o Papa viesse me dizer que tudo bem, aquilo tava ficando realmente estranho. Então, procurei novos médicos pra me acompanhar e encontrei uma médica excelente, que atendia numa clinica onde eu podia fazer todos os exames. E ela inclusive fazia todo o preventivo no consultório dela. Daí ela me encorajou a retirar o nódulo, dizendo que o procedimento era muito simples e que não valia a pena deixar lá esperando algo acontecer. Sendo assim, procurei uma amiga médica e pedi uma indicação de algum cirurgião que pudesse fazer a remoção do danado do nódulo.
Bom, a cirurgia foi horrorosa. Infelizmente o médico era tosco! Ele não me solicitou nenhum exame pré-operatório, não me fez nenhuma recomendação antes da cirurgia, me deixou em jejum por 18 horas porque ele se atrasou pra caramba, fez a cirurgia comigo acordada hiper nervosa e vendo t-u-d-o, inclusive sentindo as fisgadas do corte e depois o cheiro de churrasco na hora da cauterização, me despachou da cirurgia sem me dizer nem mesmo que dia eu tinha que voltar pra retirar os pontos. Enfim, uma bela bosta! Mas eu sobrevivi! A cirurgia foi mesmo muito simples e a recuperação muito rápida.
Acontece que, eu mal tinha me recuperado dessa história de nódulo, quando num exame de rotina neste mesmo ano descobri um cisto no ovário esquerdo. Aí foi de novo aquele susto!
Voltei na médica e mais uma vez ela me tranquilizou dizendo que não era nada sério. Que cisto é muito comum na idade fértil e que era possível que ele desaparecesse sozinho ou, caso eu preferisse, era só tratar com AC que ele ia murchar e sumir. 
Bom, mais uma vez eu quis correr do AC, pensei em ver se o tempo resolvia, mas acabei tomando umas 2 ou 3 cartelas, depois fiquei na fé de que ele tinha sumido. Só que não :(

Emm 2013 a US revelou que o cisto continuava lá e havia crescido ainda mais um bocadinho. Só que a novidade é que dessa vez a médica explicou que não era um cisto dentro do ovário e sim, lateralizado. Ela classificou como cisto parovariano e me aconselhou a continuar observando para ver se ele iria regredir ou continuar crescendo. 
A essa altura eu já queria engravidar e fiquei muito angustiada com a ideia de que isso poderia ser impeditivo, por isso eu fiz muitas US em 2013 acompanhando o desenvolvimento do cisto e sempre questionando se não era necessário fazer logo uma cirurgia pra remoção, já que o AC não tinha resolvido.
 
Resultado dessa novela é que o cisto continuou lá, aliás, continua até hoje, ou pelo menos até a data da minha ultima US, que foi em maio deste ano. Medindo pouco mais de 76 cm³, o troço tá aproximadamente do tamanho de uma ameixa. Poizé...

Mas para acalmar os ânimos, tem algumas informações mais amenas:
  1. Estudando aprendi que: Todos os meses em que ovulamos acontece o amadurecimento de um ou mais folículos, estruturas que contém ovócitos e que são preenchidas por LH (o hormônio luteinizante). A ação do LH nos folículos permite que eles fiquem turgidos, ou inchados até que finalmente se rompam e liberem os ovócitos que deverão ser visitados pelos peixinhos do marido para que venha o bebê. Em tese, um folículo é um cisto funcional! E quando tem bebê ele se torna um cisto de corpo lúteo. O que pode complicar a história é se por alguma alguma falha na comunicação hormonal o folículo não se romper, porque daí este folículo deixa de ser um cisto funcional e passa a ser tratado como cisto ovariano. Aparece como uma coleção liquida, no ovário.
  2. Apesar desse número assombroso, 76 cm³, o cisto que está no meu ovário esquerdo tem menos de 50 mm de diâmetro. E só há indicação para uma remoção cirúrgica de um cisto quando este tem mais de 65 mm de diâmetro. 
  3. Imagem daqui
  4. Um cisto ovariano benigno não acarreta disfunções hormonais, nem sempre afeta a ovulação e não é impeditivo definitivo para uma gestação. O que pode ocorrer é que a depender da localização deste cisto ele pode obstruir a passagem do óvulo para caminhar pela trompa ou impedir a chegada de um espermatozoide até um possível óvulo a ser fecundado. No meu caso, por exemplo, a US comum não determina com exatidão a localização do cisto e eu não sei onde ele está situado exatamente. É preciso uma US com doppler ou uma tomografia para conseguir enxergar com mais precisão. 
Outra opção de diagnóstico para uma formação liquida neste padrão é que não seja bem um cisto parovariano mas  sim uma hidrossalpinge... Mas esse papo fica pro próximo post da série Diagnósticos Possíveis.

;)


quinta-feira, 24 de julho de 2014

Saindo da fossa e receita para dias melhores

Ontem foi mesmo um dia daqueles. Sim, eu joguei a toalha, antes mesmo de entrar no vermelho. Me agarrei com o negativo do teste de ovulação e desconsiderei que ainda nem recebi a visita da Mrs. M. (que tá marcada pra chegar sábado). Esqueci a máxima das máximas entre as tentantes: enquanto não há sangue, há esperança.
Fiquei mal, me descabelei, me enchi de interrogações e desânimo. Me tranquei no quarto e me dissolvi em lágrimas.

Porque meu Deus? Porqueeeeê?

Maaaas, hoje estou melhor. Hoje li coisas bonitas, recebi palavras de conforto, energia positiva e esperança de dias melhores.
Depois de receber o telefonema de uma amiga que nem é tãaao próxima assim, senti o cuidado de Deus na minha vida, me enviando o consolo através de uma pessoa que me transmitiu, mesmo pelo telefone, tanta serenidade e perseverança, que tirou uma tonelada do peso que eu havia colocado sobre mim mesma.

Entre as coisas que passaram por minha cabeça hoje, me lembrei das mães que agora estão sofrendo as dores de seus filhos perdidos, me lembrei das mulheres  que sofrem a dor de ter seus corpos mutilados por doenças terríveis e das pessoas que são limitadas do direito primário, que é o direito de ir e vir. Pessoas que atravessam estas dores, sofrem e às vezes até fraquejam, mas não perdem a esperança, nem o sorriso.

Hoje, depois de me lembrar de algumas pessoas assim, próximas a mim, que estão travando verdadeiras batalhas pela sobrevivência, lutando contra câncer e doenças degenerativas, percebi que não tenho o direito de me deixar abater e entregar os pontos. 

Decidi escrever sobre isso para deixar registrado o compromisso que devo cumprir comigo mesma de ser mais forte, mais justa e mais paciente nos próximos ciclos.

E ainda dentro dessas reflexões, decidi listar algumas atitudes que preciso ter daqui em diante. Coisas que acredito que vão me proporcionar mais serenidade e trazer paz ao meu coração nessa viagem rumo a maternidade que tanto almejo.

Então fica aqui minha listinha dos 7 ingredientes para fazer um ♥ de Tentante mais tranquilo:
  1. Fazer uma atividade física ou lúdica - Manter o corpo em movimento além de comprovadamente favorecer a fertilidade - porque melhora o metabolismo e a atividade orgânica como um todo -, permite um momento de distração e extravasamento das energias. Isso faz com que a gente se desgaste menos com um fim de ciclo frustrado, por exemplo. (Eu escolho o Yoga, que pra mim vai alimentar meu corpo e minha alma!)
  2. Zelar pela saúde espiritual - Porque nem só de pão vive a MULHER. Alimentar a fé, se aproximar do divino, exercitar nossa confiança são atitudes que só fortalecem o coração. (No meu caso, preciso voltar a cumprir meus compromissos com a minha religião e à minha comunhão com o Divino)
  3. Dormir mais cedo e acordar mais cedo - Uma rotina saudável começa pela manhã e termina a noite, e não meio-dia e na madrugada. Por mais que a vida moderna tente negar essa verdade, com seus fast-foods e aparelhos eletrônicos portáteis que nos impedem de desligar, o organismo funciona melhor dentro de uma rotina estabelecida. (Meus horários tem sido uma bagunça, vide a hora que estou escrevendo essa postagem)
  4. Auxiliar pessoas que estão com problemas - Atitudes altruístas transformam pessoas de ambos os lados. Quem ajuda também é ajudado. Ou como já dizia o poeta, "gentileza gera gentileza". E ele sabia bem o que tava falando. (Isso me faz ver que não há motivo para desespero, eu NÃO tenho o maior problema do mundo.)
  5. Cuidar da casa - A organização de uma casa se reflete na organização mental de quem vive nela e vice-versa. Uma casa bem cuidada proporciona um ambiente mais harmônico e feliz. Para quem gosta de fazer trabalhos manuais, pensar e executar projetos de decoração para a casa além de uma excelente terapia é uma atividade que gera o mágico sentimento do "eu quem fiz!". (Eu costumava fazer coisas artesanais para decorar minha humilde residência... Era uma dona de casa mais dedicada e zelosa... De uns tempos pra cá larguei a casa às traças, e moro mais no escritório do que nela.)
  6. Cumprir prazos no trabalho e ser uma boa profissional - Não é raro que a corrida pelo bebê acabe atrapalhando a vida profissional de uma mulher. Seja pelos milhares de exames e consultas que podem ser necessários durante este período, seja pela queda no rendimento, por conta do desgaste emocional. Manter o foco no trabalho pode ser uma boa válvula de escape para a ansiedade.(Trabalho com comunicação e como temos nossa própria empresa eu que faço meus horários e tudo o mais. A vida de tentante virou tudo de pernas pro ar. Deixei clientes sem respostas e perdi algumas boas oportunidades de trabalho... Vou resolver isso!)
  7. Fazer programinha com azamiga e ozamigo - Os laços de amizade existem para facilitar a vida. Mas como costuma se dizer por aí: amizade é como planta, é preciso ser regada para continuar a crescer e manter as raízes fortes. Ter um circulo de amizades que não gire em torno da temática "ser mãe" é importante para evitar que o mundo se transforme num lugar monocromático. (Há dois meses me transformei na pessoa mais antissocial que conheço, tudo porque tenho medo de ouvir qualquer coisa parecida com "e o baby de vocês? quando vem?").
É isso! Agora preciso misturar tudo aqui dentro e seguir adiante!

Beijos férteis às tentantes que me lêem e força no útero de todas. ;)


segunda-feira, 21 de julho de 2014

Pausa para aliviar a dor

Precisei de uma postagem extra pra aliviar a tensão. Por aqui estamos no 26º dia do ciclo (DC) e 10º dia pós-ovulação (DPO), ou seja a quatro dias do fim do ciclo. E logo cedo me deparo com um super muco tipo clara de ovo. Sabe aquele muco amigo dos peixinhos do marido? Aquele, que pinta pra avisar pra gente que é dia de trabalhar! Então. Apareceu aqui de surpresa e eu fiquei sem entender bulhufas.
Uma googlada, algumas trocas de informação nos grupos do FB e pá! Me sugeriram fazer o teste de ovulação. Fiz! Resultado: Mega negativo (apareceu uma unica linhazinha no teste de LH como eu nunca tinha visto antes, porque sempre aparece a segunda, mesmo que bem clarinha). E continuando as pesquisas, achei uma explicação para esse muco fértil no final do ciclo: queda na progesterona.

Não é oficial, mas é quase certeza: nada de baby nesse mês, mais uma vez.
Difícil segurar a peteca e aceitar de boa que ainda-não-é-a-hora, Deus-tem-a-hora-certa e no-melhor-momento-vai-acontecer.

Cansada de tantas frustrações, desesperançosa e dolorida.
Sei que muitas mulheres estão nesse mesmo barco, sei que algumas estão enfrentando mares ainda mais bravios. Mas, mesmo assim, minha dor não diminui.






Diagnósticos possíveis # 2 - SOP

Então, como eu disse antes, eu parei de tomar o AC pouco antes de casar. E não, eu não queria bebê logo no começo do casamento. O plano era engravidarmos depois de 5 anos de casados. Mas eu parei porque encasquetei que esse negócio de tomar AC anos a fio não é bacana, resolvi que não queria mais interromper a ordem natural do meu organismo. Não tô dizendo que cientificamente algo desabone os AC, mas no meu sentimento, sinceramente, eu desconfio de que a tal da pílula seja tão inofensiva assim.

Só que pouco depois que casamos, em 2010, fui fazer o preventivo anual e novamente na US os ovários lotadinhos de microcistos são o tema central da prosa com a dotôra. Como depois que me casei, me mudei de cidade e consequentemente de GO, mais uma vez, aquela médica estava me examinando pela primeira vez e então me veio com algumas novidades.
Levei as US anteriores e depois de dar uma olhada ela trouxe o novo diagnóstico: Sindrome do Ovário Policistco (SOP, pras íntimas).
Ela me explicou que essa recorrência toda dos microcistos nos ovários somada à falta de regularidade (que eu achava que tinha) no meu ciclo era indicativo da síndrome e que eu devia tratar com AC o quanto antes, para não ter problemas depois para engravidar. Porque a SOP conduz a um quadro de ciclos anovulatórios.
Além disso, nesta mesma consulta, a dotôra me fez uma cauterização no útero e me explicou, depois de fazer o procedimento, que eu estava com uma manchinha que sugeria presença de HPV. Aproveitou essa oportunidade e me contou que a clínica dela era uma das poucas da cidade (naquela época) que estava com vacinas contra o HPV ao módico custo de R$ 700 a aplicação e sem jeito de fazer pelo plano de saúde. Mas a dotôra fez questão de frisar o quanto era necessário que fizesse a vacina, tendo em vista que eu já estava apresentando predisposição ao vírus e coisa e tal porque ela tava muito preocupada com minha saúde, neah? Ahãm



Resumo da ópera: voltei pra casa com panfletos de propaganda da vacina, uma receita de AC e um diagnóstico novo de presente. Nem comento sobre ela ter feito uma cauterização no meu útero sem sequer me comunicar nadica de nada sobre pra que diabos servia o procedimento.

Apesar da palavra EMPODERAMENTO ser um chavão hoje em dia, laaaá atrás, quando recebi esse diagnóstico, esse "conceito" nem tava tão popular assim, mas eu corri pra internet e comecei a pesquisar tudo sobre SOP, ler artigos médicos disponíveis nos SciElos da vida e entender por conta própria o que exatamente era esse troço que a dotôra disse que eu tinha. 
Fiquei muito desconfortável com a maneira como ela me atendeu. Senti que ela me tratou como se eu fosse apenas mais uma cliente, numa negociação, e como se meu corpo fosse sua mesinha de trabalho, no qual ela podia fazer o que bem entendesse sem sequer me comunicar. Decidi me dar o poder da informação sobre meu próprio corpo, e, como a gente diz hoje em dia, comecei a me empoderar. Bati o pé mais uma vez contra o AC, me recusei a usá-lo e também rejeitei a vacina contra o HPV. Em outro post posso contar os porquês dessas rebeldias! rs 

Nessa jornada pelo poder da informação eu descobri algumas coisas interessantes! Descobri por exemplo que sobrepeso e dificuldade para emagrecer são fatores muito associados a SOP e prontamente coloquei isso na minha caixinha de pontos que enfatizavam meu diagnóstico, pois naquela época eu tinha acabado de sair de uma verdadeira guerra contra a balança, guerra esta que durou dois anos e 15kg acima do peso. Como eu ainda estava começando nessa coisa de empoderamento, ainda não tinha real conhecimento do meu ciclo (coisa que aliás ainda demorou um pouco para acontecer) e eu julgava que tinha um ciclo irregular, logo, mais um ponto para a SOP. E, finalmente, eu coloquei na cabeça que tinha hirsutismo (tradução: crescimento excessivo de pêlos terminais na mulher), outro sintoma da síndrome. Porque, vez em quando, apareciam uns pelinhos debaixo do queixo.
Apois, assim, passei três longos anos da minha vida "crente abafando" que eu tinha SOP e só vim me desfazer desse mito há um ano e meio. Mas isso também é assunto proutro post. ;)





quinta-feira, 17 de julho de 2014

Diagnósticos possíveis # 1 - Ovário Micropolicistico

Quando era adolescente, eu tinha uma auto-estima menor que carrinho Hot-Wheels. Também pudera, eu era magricela, usava óculos, meu cabelo crespo não tava na moda, tinha a pele oleosa e que vivia decorada de espinhas (guardem estas informações). 
E minha adolescência começou cedo. Minha primeira menstruação chegou quando eu tinha 11, quase 12 anos, e assim que ela pintou minha mãe marcou a minha primeira consulta com uma ginecologista. 
Depois da menarca passei 3 meses sem menstruar, e o ciclo só começou a ter alguma regularidade já aos 13. Digo "alguma regularidade" porque não era um ciclo de 28 a 32 dias e 4 dias de sangramento tsc tsc tsc... nada disso. Eu menstruava uma vez, depois menstruava novamente 35, 40, 45 dias depois e ficava 7, 10, 12 dias usando absorvente, porque era um tal de borrinha-sangue-borrinha-sangue que parecia não ter fim. Então aí começou minha peregrinação nas ginecologistas, pra ver se arrumava esse negócio e acabava essa lambança de gastar 3 pacotes de absorvente por mês.

Nessas peregrinações ginecológicas, através de uma ultrossonografia (US) pélvica - porque eu era virgenzinha e não podia fazer endovaginal - recebi meu primeiro diagnóstico: Ovários Micropolícisticos. A justificativa para o meu ciclo irregular e também para todas as minhas espinhas.
Daí iniciei o tratamento com o medicamento de praxe: anticoncepcional (AC) de baixa dosagem.

Tempos passaram e eu continuei tomando AC por mais 3 anos, parei, voltei a tomar novamente... Até os meus 19 calculo que tomei por 4 anos. 
Eu não tinha grandes problemas com o AC, não me dava efeitos colaterais exceto um ligeiro ganho de peso, que não era de todo mal, já que eu era muito magricela até os 16. Mas quando eu completei 19 eu fiquei abusada daquele troço e resolvi parar por conta própria. A essa altura o meu ciclo já tava arrumadinho e depois que eu parei com o AC ele continuou mais ou menos certinho.

Aos 19 eu também me mudei de cidade e por tabela troquei de ginecologista. A nova ginecologista era uma flor de formosura. Tenho saudades dela até hoje! O consultório dela era lindo, cheiroso e ela era pontual, doce e muitissimo paciente e atenciosa comigo. Tirava todas as minhas dúvidas sobre sexo, sobre o formato do meu útero, sobre os resultados de exame de cultura que ela coletava lá no consultório mesmo. Passava mais de meia hora na consulta! E ela acompanhou os meus primeiros passos pós-primeira-vez (deixei de ser virgem já tava idosa, aos 21 anos). 

Foi com ela que fiz o meu primeiro preventivo de gente grande. Ela me encaminhou para a US endovaginal e assim constatou que os ovários continuavam lotados de pequenos cistos e ela me explicou que não era nada grave, mas que caso não fossem tratados poderia me gerar um cisto maior futuramente o qual poderia me trazer problemas mais sérios, como um tumor. Na época acho que o meu ciclo ainda estava razoavelmente regular. Er... na realidade eu não prestava muita atenção na data da minha menstruação, porque sempre tive TPM e por isso eu "pressentia" quando a Mrs. M tava a caminho. Mas eu me lembro bem que todo mês eu menstruava, por isso sei que tinha uma regularidade razoável. Mesmo assim a dotôra fofinha me recomendou voltar com o AC. Porque seria bom para combater os cistos, bom pra pele, bom pro cabelo e toda esse merchan que GO adora fazer pros AC que eles receitam e, já que eu havia iniciado a vida sexual, de quebra eu iria me prevenir de arrumar bebê. Com todas essas vantagens eu não podia mesmo deixar de adquirir esse maravilhoso medicamento na vida, né? Voltei a tomar o AC e fiquei tomando por mais uns 2 anos, ou seja, até pouco tempo antes de me casar.

Acontece que mesmo com todo esse AC, vira e mexe detectavam cistos nas minhas US e isso foi colocando um circo de pulgas atrás da minha orelha. Aos 24 mudei de cidade e tive de trocar de médica novamente. Aí começa uma nova etapa, com novos diagnósticos. Coisa que vou contar nos próximos capítulos, que prometo serem mais curtos!  ;)

quarta-feira, 16 de julho de 2014

Minha história até aqui

A decisão de deixarmos de ser um simpatico "jovem casal" e sermos promovidos a mamãe e papai começou a se desenhar em minha cabeça quando as amigas grávidas começaram a saltar na minha timeline do Facebook. Lá por volta de janeiro de 2013. Era tanta foto de chá de bebê, ultrassonografia, bebês sorridentes que quando vi, já tava totalmente contagiada por essa coisa de cheiro de lavanda misturado com gofo, noites maldormidas, sorrisos deliciosos e tudo o mais que envolve ter um bebê em casa. Mas esperei esfriar o calor da emoção pra ver se passava toda aquela empolgação com a maternidade alheia, maaaas... não passou, aliás, muito antes pelo contrário, cresceu, e muito!
Quando me dei conta meu cérebro já tava totalmente reprogramado para esta finalidade. E assim, em abril de 2013 decidimos iniciar as tentativas.

Vou começar a história laaaaá do começo, ok?

Bem, na adolescência eu tinha uma forte impressão de que não iria encontrar a tal tampa da panela, a banda da laranja, o sapato roto pro meu pé torto. Enfim, achava que não ia mesmo rolar essa coisa de achar o cara, casar com o cara, construir a família com o cara. Porque eu realmente não acreditava que seria possível encontrar esse cara que fosse compatível comigo. Então, meus planos sempre envolveram uma maternidade, mas eu seria mãe solteira, provavelmente faria uma I.A. (Inseminação Artificial) com material de algum desconhecido e adotaria mais uns dois guris pra viver minha maternidade independente feliz. Estes super planos também incluíam viver fora do Brasil por alguns anos, fazer mestrado, doutorado, ser bem sucedida e bem resolvida com a vida sem marido. Só que, de certo modo, em um lugar do meu coração, sempre esteve presente um medinho de não conseguir ser mãe.

Mas aí um cara caiu na minha vida de paraquedas. E foi a melhor coisa que me aconteceu! 
Em três meses de namoro já sonhávamos com o casório. E depois de dois anos e meio namorando, juntamos as escovas de dentes, com direito a festa e papel passado, mas tudo sem pressão, sem stress. Tudo acontecendo muito naturalmente. 
Ele é meu número! Me entende, me suporta e me completa! 
Juntos enfrentamos perrengues e crises e juntos fazemos quase tudo, inclusive sonhamos com essa nova fase que tanto queremos inaugurar agora, após quase 5 anos de casados e 7 anos de amor ♥

Quando iniciamos as tentativas em abril do ano passado, eu cheguei a sentir novamente aquele medinho de não conseguir engravidar. Mas na maior parte do tempo eu estava mesmo pensando que era só colocar o "piru pelado na piriquita pelada", deixar os peixinhos dele nadarem na minha banheira e PIMBA, ói o neném! (Sabe de nada, inocente!) Juro que fiquei emocionada na primeira vez que treinamos, achando que a fecundação era tipo achocolatado: misturou e tá pronto. Só que não né, gentem? 
Naquele tempo eu nem sabia direito que tinha essa parada de ovulação, quanto mais período fértil. Vi algumas amigas engravidarem na primeira tentativa e simplesmente achei que seria assim comigo. Acontece que no inicio das tentativas estávamos numa pindaíba sem precedentes. Ele, desempregado. Eu, sustentando a casa com um salário mixo que mal pagava o aluguel e vivendo lhôca, fazendo contas pra ver se conseguia multiplicar o dinheiro. Eu vivia super estressada mesmo, o que provavelmente afetou um bocadão meus hormônios e pra ficar ainda mais legal, além de nada de bebê, três meses depois que iniciamos as tentativas, também começou a faltar marido. Atravessamos uma crise conjugal que durou uns três meses sufridos de fazer dó e aí a ideia de ser mãe era a ultima coisa na qual eu queria pensar. 

Depois da crise a gente se acertou e as coisas ficaram maravilhosas, tão bom ou até melhor do que no começo. Logo voltamos aos treinos. E nisso eu já tava mais sabidinha! Tinha começado a estudar sobre fertilidade, parto e pedagogia. Tava começando a me empoderar sobre fertilidade!  
Quando retornamos às tentativas vi que precisava ver como tava meu organismo. Se tava tudo oquêi de verdade. Então, toca a marcar GO e exames! Fui em umas três médicas e acabei optando por ficar com o GO Fofura da cidade onde moro. Um médico que suuuuper apóia parto natural e até já me encorajou a parir em casa quando eu embuchar (é assim que ele fala rs). Só que aí, vendo que eu tava com cisto paraovariano e ovários policisticos, ele resolveu tratar disso com os métodos tradicionais, "ou seje", me receitou 3 caixas de Anticoncepcional e deu descarga no meu projeto projeto mamãe 2013. Eu ainda não sabia que podia tratar cisto com outro tipo de medicação e aceitei a prescrição choramingando, mas achando que não havia alternativa. Agora sei que mesmo sendo muito fofo ele foi bem safadinho, me enrolou com aquela velha história de que ainda sou nova e não preciso ter pressa pra "embuchar" e decidiu por mim que eu podia esperar mais um pouco.

Bom, pra encurtar - ai que mentira que dá pra encurtar, o post já tá enorme - esse papo de hoje, posso dizer que, da decisão que tomamos em abril de 2013 até hoje, tivemos 8 ciclos realmente válidos de tentativas. Estamos agora no 9º, mais precisamente no 4 dia após a ovulação (4 DPO). E este ciclo marca minha iniciação na observação da Temperatura Basal, no uso do aplicativo Fertility Friend e no vício nos grupos de tentantes do Facebook. Então, né? Vê-se que surtei de vez! Mas juro que tô fazendo a lição de casa bem direitinho pra ver se finalmente vem bebê!

No próximo post vou começar a contar sobre os diagnósticos que já recebemos (marido e eu) e sobre as minhas suspeitas depois de tanta leitura e empoderamento.

segunda-feira, 14 de julho de 2014

Iniciando os trabalhos

A ideia de criar um blog sobre gestação, maternagem, educação infantil e todo esse universo que tanto me atrai, ronda a minha cabeça há algum tempo.
O impulso materno surgiu em mim há pelo menos dois anos, quando num estalo inexplicável, uma mãezinha, bem pequenininha, nasceu dentro de mim e foi crescendo até me tomar inteira. Desde então comecei a ler sobre parto humanizado, maternagem, criação com vínculo, pedagogias alternativas e coisa e tal. Esse tipo de literatura passou a ser meu alimento.
Mergulhei fundo em pesquisas cientificas sobre todo tipo de assunto ligado ao funcionamento do corpo feminino durante a gestação, me engajei na campanha pró-parto natural, assisti trocentos vídeos de partos, li sobre a pedagogia Waldorf, sobre a deliciosamente mágica Escola da Ponte, sobre como desenvolver o ensino domiciliar.
Então... preparei todas as malas que pude para ter a bagagem que julguei imprescindível na viagem de se transformar em mãe. Só me esqueci de que para embarcar eu precisava de autorização do Superior.

E assim é que justifico porque cá estou, com todo o tal do empoderamento que conquistei nos assuntos ligados a maternagem, toda essa bagagem, parada na estação das tentativas em série. Ciclo após ciclo esperando ver "duas listrinhas no palitinho xixizado", o tão idolatrado positivo.
Agora são 15 meses da decisão tomada e 8 ciclos efetivamente frustrados na tentativa de conceber. Oficialmente tentante, com direito a toda a ansiedade, neura e inconstâncias que essa condição me garante.

Após um ano estudando por conta própria, através de blogs, sites, livros, amigos(as) profissionais de saúde, em maio deste ano decidi mergulhar ainda mais fundo nesse universo paralelo. Entrei em alguns grupos que abordam esse assunto no Facebook, baixei aplicativos no celular, comprei testes de ovulação e de gravidez, comecei a ser ainda mais observadora do meu corpo e seus sinais e me transformei na surtada da fertilidade!

Não que eu tenha realmente conseguido manter em segredo o meu interesse em ser mãe e todas as minhas tentativas frustradas neste período. Estabanada que sou, acabei abrindo o assunto pra mais gente do que deveria. Contei pra amigas, conhecidas, colegas... contei pra minha mãe, que contou pro meu pai e pra minha tia e que contaram pra sabe lá mais quantas pessoas. Mas o fato é que nestes três meses que se passaram eu amarguei o arrependimento de ter exposto essa dor. Não por ter sido magoada pelas pessoas, mas por ter transformado o sofrimento em  um ciclo vicioso horroroso, do qual estou agora lutando pra sair, um ciclo que começa com a frustração de não conseguir o que desejo e deságua na tristeza de ser objeto de compaixão das pessoas que conhecem minha dor. Uma dor que aumenta ainda mais a cada "Espera que Deus sabe a hora certa" que fui obrigada a ouvir sem conseguir compreender e muito menos aceitar.

Depois dos grupos no Facebook aprendi ainda mais coisas para conquistar minha autonomia nessa corrida pelo bebê, descobri que existem muitas, mas muitas mesmo, mulheres em condições muito semelhantes a minha, mas também não encontrei a acolhida que gostaria. Se em alguns grupos as potenciais mães abusam do estilo divã e fazem do grupo um verdadeiro T.A. (Tentantes Anônimas), sem foco definido quanto ao tipo de abordagem a qual o grupo se pretende e com nível mínimo de informação de relevância em outros grupos encontrei verdadeiras ditadoras, que fazem de seus grupos quartéis, cheios de regras e postagens feitas pra mostrar quem manda no pedaço.

Por isso resolvi voltar a boa e velha blogosfera. Lugar onde já vivi por muito tempo, escancarando os meus pensamentos mais notívagos, e onde sei que posso falar e ser ouvida por quem queira me emprestar um pouco de atenção. Onde sei que posso prosseguir as trocas de experiências, sem medo de ser banida ou escanteada.Aqui sei que posso transitar com minha identidade resguardada, dividir um pouco das minhas desventuras nesta missão e partilhar do que já aprendi até aqui.

Então, assim inicio este diário de bordo, sobre as aventuras de ser Potencialmente Mãe.

Os que quiserem prosear comigo, se acheguem!