sexta-feira, 27 de fevereiro de 2015

Sobre o estresse e ansiedade

Hoje quero dar uma pausa na série sobre Medicina Natural pra trazer um assunto que também acho super importante.
Toda tentante que se preze já foi incomodada com a clássica frase "Relaxa que quando você menos esperar engravida". E quem nunca teve vontade de dar uma voadora no sujeito ou sujeita que nos vem com essa fórmula mágica da fertilidade? Eu mesma já sofri várias vezes com isso, mas ao mesmo tempo nunca deixei de acreditar que, realmente, o estresse e ansiedade são fatores que só nos prejudicam na corrida pelo bebê.
Como encontrar a serenidade e não se transformar na louca da fertilidade, arrancando os cabelos em cada fase lútea durante este período das tentativas eu ainda não sei, mas com certeza é preciso buscar relaxar o quanto possível para que nosso organismo trabalhe direitinho.

Arrancanoscabelo! (imagem daqui)
Navegando nessa internet sem fim, encontrei um artigo de uma médica naturopata de Toronto que faz um trabalho super bacana relacionando qualidade de vida à fertilidade da mulher, acompanhando inclusive mulheres que passam pela FIV. Como não encontrei o artigo em português, traduzi pra partilhar com vocês. É grandinho, mas explica com t-o-d-a-s as l-e-t-r-a-s porque precisamos mesmo relaxar!

Estresse e fertilidade


Todo mundo ouve dizer que o estresse pode ter um impacto negativo na sua fertilidade e saúde reprodutiva, mas você já se perguntou exatamente como? Estresse parece ser um termo tão abstrato e, não muito tempo atrás, todos os profissionais de medicina subestimavam tanto os efeitos dele em nossa saúde. Agora nós sabemos bastante sobre quão profundos podem ser os efeitos do estresse em nossa fisiologia e saúde reprodutiva. De fato, estresse é um dos maiores causadores de todas as doenças. É provavelmente a maior razão para os casos de infertilidade sem causas aparentes e pode agravar quase todos os outros diagnósticos relacionados a saúde reprodutiva.

Estresse e os hormônios do estresse podem causar infertilidade dos diferentes modos a seguir:

1- Prejudica a saúde e desenvolvimento do folículo. Estresse reduz a secreção de estrogênio do folículo, o qual reduz a espessura do endométrio e também o muco fértil.
2- Reduz a secreção de progesterona do corpo lúteo na fase lútea e assim afeta a implantação. Etresse pode causar defeitos na fase lútea.
3- Afeta o surgimento do hormonio luteinizante (LH) a partir da glândula pituitária, hormônio este que é responsável pela estimulação da ovulação.
4- Aumenta a secreção de prolactina pela glândula pituitária, a qual inibe as funções ovarianas.
5- Afeta parte do sistema imunológico, responsável por prevenir abortos no princípio da gestação.
6- Impacta negativamente muitos outros problemas de saúde que podem prejudicar a fertilidade, como a saúde da tireóide, condições do sistema imonológico, condições alergênicas, síndrome dos ovários policísticos, endometrioses e problemas gastrointestinais.

O que acontece no corpo durante o estresse?

Durante o estresse, a glandula adrenal (ou supra-renal), a qual fica situada na parte superior dos rins são estimuladas a produzir os hormônios do estresse, incluindo cortisol e adrenalina. Este processo ocorre devido a um mecanismo que se inicia no cérebro, especificamente no hipotálamo. A ativação do sistema nervoso simpático (os aspectos de fuga ou luta do sistema nervoso) acontece. O hipotálamo, a glândula pituitária e a adrenal trabalham juntos pelos mecanismos de feedback que captam os elementos estressores no ambiente e produzem os hormônios do estresse, os quais tentam melhorar as condições de sobrevivência em tempos difíceis. Apesar detes hormônios permitirem nossos corpos superarem com sucesso situações de maior tensão e estresse, eles costumam ser contraproducentes quando estamos tentando conceber.

Mecanismos pelos quais o estresse reduz a fertilidade

Cortisol, o principal hormônio do estresse, é apontado por afetar a reprodução de diversas maneiras. Ele interfere no surgimento do LH da pituitária, atrasando-o e fazendo-o ser produzido em menor intensidade. O LH é responsável pelo desenvolvimento final do folículo que se torna um corpo lúteo e pela liberação do óvulo. Isto tem muitos impactos negativos na saúde da ovulação e nos hormônios necessários à sustentação da implantação.

Para a formação de um corpo lúteo saudável é necessário produção de progesterona, a qual permite o pleno desenvolvimente do revestimento endometrial e, portanto, a implantação. Altos níveis de glucocortisóides (hormônios estressantes) são também conhecidos por reduzirem a secreção de estrogênio pelo folículo. Baixo nível de estrogênio reduzirá o muco fertil e o desenvolvimento do endométrio. A redução do estrogênio secretado pelo folículo também poderá proporcionar um desenvolvimento anormal ou inadequado do folículo.

Um estudo feito na zona rural maia revelou que as mulheres daquela população que tinham alto grau de estresse (medido pelos níveis de cortisol presentes na urina) tinham menores níveis de progesterona, entre 4 e 10 dias após a ovulação. Uma gota de progesterona neste período interfere no desenvolvimento do endométrio e na implantação. Como o estresse é relacionado aos abortos espontâneos, recentemente também foi descoberto que níveis adequados de progesterona são necessários para fortalecer a imunidade no inicio da gestação. Existem mudanças significativas que ocorrem no sisteme imunológico durante o começo da gestação, as quais previnem a mãe de apresentar rejeição ao embrião recém implantado.

Os efeitos do estresse nos níveis de progesterona podem interferir nestes processos naturais do sistema imunológico. Um estudo de 1995 revelou que mulheres que possuem jornadas de trabalho estressantes estão mais sujeitas ao aborto espontâneo. Este estudo é especialmente significativo em mulheres acima dos 32 anos, e mulheres que estão tentando engravidar pela primeira vez. Elevados níveis de cortisol foram encontrados em muitos estudos que o associam as taxas de aborto.

Efeitos sobre a "Fertilização in Vitro" e técnicas de reprodução assistida: um estudo demonstrou que mulheres que tiveram os níveis de adrenalina mais baixos no dia da captação e os níveis de adrenalina mais baixos no dia da transferência obtiveram maior sucesso no ciclo de FIV. Num estudo sobre mulheres suecas submetidas à FIV foi descoberto que aquelas que não concebiam tiveram um maior nível global de hormônios do estresse , incluindo a prolactina e cortisol na fase lútea dos ciclos, o que também comprova que o estresse afeta negativamente a implantação.

Um estudo italiano de 1996 mostrou que mulheres que são mais vulneráveis ao estresse tem piores resultados em FIV. Evidencias Conclusivas estão crescendo para uma nova condição chamada de "síndrome do estresse gestacional". Esta sídrome indica que mulheres que apresentam altos níveis de estresse e ansiedade são mais sujeitas a perdas no início da gestação. Esta sídrome também atesta que mulheres com menores níveis de estresse e ansiedade são mais propensas a obterem sucesso em técnicas de reprodução assistida. E esta sídrome pode parecer "senso comum" para a maioria de nós, mas precisamos considerar o quão importante ela realmente é. A ideia da "sídrome do estresse gestacional" vem de um grande arcabouço de evidências, nas quais o estresse foi apontado como principal impactante na fertilidade feminina por meio de muitas vias.

Se o papel da medicina é alcançar o melhor resultado para todos os pacientes de infertilidade, pacientes e médicos também devem levar em consideração o diagnóstico de estresse tanto quanto outros diagnósticos relacionados com a saúde reprodutiva.


Por Dr. Fiona McCulloch, da clínica de naturopatia White Lotus
(livre tradução por Gê Oliva - www.potencialmentemae.blogspot.com - e texto original aqui)

2 comentários:

  1. E eu que nem tentante sou ainda?Sofro com a ansiedade mais tô dando um tempo pra mim mesma pra poder relaxar...

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  2. Que bacana esse artigo. E mais bacana ainda você ter tido o trabalho de traduzi-lo pra compartilhar com a mulherada, parabéns. No fim das contas a ansiedade só atrapalha mesmo, na verdade não só no caso de quem é tentante mas em todos os aspectos da vida. Eu graças a Deus não tive dificuldade de engravidar a primeira vez mas pra esse ano estou planejando engravidar novamente e já tô me preparando psicologicamente pois durante a gravidez a gente passa muito sufoco (mil medos com relação ao bebê, os exames, como vai ser o parto, as despesas...) e da próxima vez eu quero que seja uma gravidez mais tranquila e relaxada.

    Beijos!
    www.baudabijou.com.br

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